Por um segundo acreditou que a sogra olhava de um jeito diferente. Por anos assistiu o descontentamento e os desejos pendentes de uma mulher. Por alguns instantes ele sentiu sua coxa roçar na dele.
Vinte e cinco anos os separavam, uma considerável barreira. Mas apenas a possibilidade, a poesia de despertar o interesse de mãe e filha, as lembranças que tomariam sua cabeça e inflariam seu ego ao servir o vinho na mesa de domingo, ja pareciam valer a pena.
A pele ja um pouco flácida seria recompensada pela realização, pelo sentimento de poder, pela mística criada por uma sociedade monogâmica. Tamanha era sua insensatez perante aqueles sinais, que esqueceu a namorada e sua irmã mais nova, titular das suas fantasias inconsequentes.
Era sábado e tinha evento. Família toda no mesmo carro, ela vestia vestido preto, reto, quatro dedos acima do joelho. Ele nem a achava muito atraente, a filha era bem mais e não se engane, ele a amava, mas não basta o amor para conter suas fantasias e desejos. Para ele era perfeitamente possível amar, desejar outra mulher e continuar amando.
Bebidas, o sogro só bebia dois copos no máximo, enquanto ele, ja havia ficado amigo do garçom. Alterado, caprichando nas piadas, a mesa toda animada com suas besteiras, sua perna sem querer raspa na dela e ela não esboça qualquer reação, permite que as pernas fiquem a se tocar.
”será que ela quer?” Pensou imediatamente.
Voltaram ao carro, ela sentada a frente tentava alcançar o cinto de segurança, do banco de trás ele a ajuda, esticou o braço levando o cinto próximo a sua cintura, mas não voltou sua mão. Disfarçando para sua namorada e cunhada que dividiam o banco traseiro não notarem, ficou acariciando a cintura da sogra, até retornarem a cidade e as luzes clarearem o interior do carro, tirando a privacidade. Poderia ser apenas o álcool relaxando os limites dela?
Na semana seguinte festa de 15 anos, juntos, ele de whisky e ela de espumante iam ficando mais alegres. Sogro e namorada, não desconfiavam da tensão sexual que explodia ali.
A valsa começou e ela encostou-se na grade que dividia as mesas da pista de dança. Ele de mão dada a namorada também se aproximou, todos tinham olhos apenas para a linda debutante que dançava e ele só tinha olhos para as ancas da sogra que estavam a sua frente.
Mão direita dada a namorada, olhos para a pista de dança e mão esquerda acariciando e apertando sua bunda. Ela, sem reação alguma, deixava. E quando teve oportunidade se aproximou ainda mais.
Naquela noite ele foi pra casa tendo a certeza de que ela também queria.
Naquela noite ele transou com sua namorada pensando “sua mãe também me quer”.
Naquela noite também encerrou o desejo.
A satisfação para ele, não estava no ato, estava no perigo, estava orgulho de saber que podia.
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